O câncer de mama triplo-negativo, que representa cerca de 15% de todos os casos de câncer de mama, é considerado o tumor de mama mais agressivo e também o único que ainda não dispõe de uma terapia-alvo, ou seja, um tratamento específico e direcionado, capaz de bloquear os sinais que estão levando ao crescimento anormal das células naquele tumor em particular. Agora, cientistas anunciaram que uma terapia-alvo para o câncer triplo-negativo está mais próxima. Em um estudo publicado na revista especializada "Science Translational Medicine", pesquisadores afirmam que descobriram um alvo potencial para bloquear a proliferação de células cancerígenas nesses pacientes: a proteína JAK2. Sequenciamentos genéticos realizados pelo grupo de pesquisadores mostraram que pacientes com câncer de mama triplo-negativo resistentes ao tratamento de quimioterapia apresentavam alterações no gene JAK2, responsável por codificar a proteína de mesmo nome. Nesse grupo de pacientes, foi identificada com maior frequência uma amplificação do JAK2. Os pacientes com essa alteração tinham mais risco de tumores agressivos e um resultado pior com o tratamento padrão. Os pesquisadores concluíram, então, que o JAK2 seria um bom candidato para ser o alvo na terapia contra esse tipo de câncer. Testado em camundongos, um inibidor de JAK2 foi bem-sucedido em reduzir o crescimento do tumor de mama triplo-negativo, em comparação à quimioterapia padrão. De acordo com o oncologista Vladmir Cláudio Cordeiro de Lima, do A.C.Camargo Cancer Center, já existem medicamentos que são inibidores de JAK2 que já são usados em outras doenças, como a mielofibrose, um tipo de câncer do sangue. Além disso, essas drogas já estão sendo testadas em outros tipos de câncer, como o linfoma de Hodgkin. "A hipótese é que, para esse subgrupo que tem amplificação desse gene, eventualmente usar um inibidor de JAK2 pode ser uma estratégia terapêutica interessante", diz Lima. Ele destaca que ainda existe um longo caminho de pesquisa até que essa hipótese possa ser comprovada.
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